quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Depressão Pòs Parto

DEPRESSÃO PÓS PARTO

OS PAIS
Pai: Amor, como está o nosso filho hoje hein? E você, está se sentindo bem?
Mãe: Eu to um pouco enjoada, com um pouco de dor, mas ele tá bem sim. Chutou bastante, deve ser bom sinal né
Pai: Acho melhor irmos ao hospital, ver se tá tudo bem porque já tá quasena hora né
Mãe: Tudo bem, mas de láligamos e avisamos à mamãe o motivo do nosso atraso
Pai: Tá legal

A MÉDICA
Médica: Olá, boa tarde
Pai: Viemos aqui Dra para saber se está tudo bem com nosso bebê, porque ela disse estar com mal- estar e como já está quase na hora
Mãe: Ele está exagerando. Estou com um pouco de enjôo sim, mas nada fora do normal. Só viemos por precaução. Dra, a dor está aumentando
Médica: Claro. É importante essa consciência de querer saber se está tudo bem com o bebê, ainda mais no caso de vocês que passaram por tratamento de fertilização
Médica: Entrem que vamos examiná-la
Médica grita: Levem-na para Sala de Emergência. Vai ter o bebê agora

A ENFERMEIRA
A enfermeira chega no quarto: Olha que lindo o filho de vocês!
A mãe deitada: To com muita dor e a culpa é dela!
Pai assutado: Que isso, amor. É o nosso filho. Ele é lindo, veja
A mãe irritada: Não quero ver essa criança!
Pai, mais calmo: Dá o meu filho aqui (pede para enfermeira)
Pai pede a presença da médica à enfermeira
Médica: O que está acontecendo aqui?
Pai, com lágrimas escorrendo: Não sei Doutora. A minha mulher começou a chorar, está dizendo que não quer ver a criança, que o filho não é dela e que o odeia por ter causado tanta dor
A médica pede a criança e coloca no colo da mãe
A mãe se acalma, olha para criança, esboça um sorriso e devolve a criança para médica
A médica: Enfermeira tome conta da criança por enquanto. Pai venha comigo.

NO CONSULTÓRIO DA MÉDICA
Médica: Sente-se
Pai desconsolado: O que está acontecendo Doutora? Não to entendendo porque ela não quer o nosso filho que era o nosso sonho. Fizemos de tudo e finalmente conseguimos. Ela devia estar super feliz
Médica: Acalme-se. Ainda não é possível afirmar nada sem exames mais detalhados, porém com o quadro que ela apresenta é possível que esteja sendo vítima da chamada depressão pós-parto.
Pai: Mas o que é isso? Ela está doente?
Médica: Vou explicar. A depressão pós-parto, que também é conhecida como postpartum blues, varia de intensidade e é um fator que dificulta o vínculo afetivo entre mãe e filho. Há muitas controvérsias sobre o que causa esse distúrbio, mas entre eles estão fatores biológicos que é a variação de níveis de hormônios sexuais, o estrogênio e a progesterona que circulam no sangue mudando o estado emocional da mulher. Além desses existe o fator psicológico que está ligado ao sentimento da própria mulher como mãe ou com o bebê, com o companheiro ou como filha mesma. Há outros fatores também, mas esses são os mais comuns. E ao contrário do que se pensa esses distúrbios emocionais atingem de 50 a 80% das mulheres. E podem ter quadros gravíssimos como o óbito mesmo. No auge uma mãe pode matar a criança. Até por isso recomendei à enfermeira que ficassem com o filho de vocês porque é sempre um risco
Pai: Doutora, eu entendi. Mas como você mesma disse ainda é cedo para diagnosticar isso né. Mas se for esse o caso, se ela estiver com depressão pós-parto, o que se faz para curar isso? Não é justo que agora depois de tanto tempo que conseguimos ela tenha esse tipo de reação. Nos ajude, por favor (volta a chorar)
Médica: Antes de falar da parte clínica acho primordial comentar uma coisa antes. É claro que o suporte familiar em qualquer caso é de suma importância independente da situação. Mas nesses casos, em especial, é um fator determinante para o sucesso do tratamento químico, mas, sobretudo da recuperação emocional da paciente. E por isso que peço que você como pai e como membro familiar explique essa situação delicada para as outras pessoas da família porque será vital ela agora conta o apoio e compreensão de todos vocês. Mas voltando a parte da medicação. O tratamento é feito à base de antidepressivos que precisam de 2 a 6 semanas para fazer efeito. Se houver melhora da paciente não deixe de tomá-lo senão não vai adiantar. Caso haja necessidade de remédios mais fortes só pode haver essa mudança por recomendação médica. A automedicação é um perigo por si só e nesses casos é pior ainda, por isso não deixe que ela ou qualquer outra pessoa tenha essa iniciativa a não ser um médico. Em paralelo, dependendo do caso, a psicoterapia é indicada como forma de melhorar a condição física e emocional. O remédio tem efeito físico diretamente e a psicoterapia lida com a parte emocional. É um complemento. Mas fique sossegado que após uma análise mais profunda das reações dela é que saberemos a medicação adequada. Dê um tempo de adaptação a ela, incentive o vínculo entre mãe e filho. Sempre, claro, supervisionando. Caso não seja eficaz, entraremos com a medicação. Tudo bem?
Pai: Tudo bem, Doutora. Agradeço a explicação. Eu vou tentar fazer tudo o que você me disse. Você não imagina o quanto é duro depois de tudo que passamos eu vê-la ter essa reação. Desculpe se me exaltei, exagerei, mas era um sonho nosso e só queria estar feliz por todos nós. Mas eu entendo e vou falar com os outros para não acharem que é uma coisa à toa e sim um período de alteração neurológica ligado ao emocional pela reação da maternidade. Tenho certeza que em condições normais ela estaria muito feliz como eu também estou
Médica: Você pode ter certeza que ela está sim. Está no subconsciente dela. Depois que ela acordar vocês terão muito que comemorar. Afinal é uma vitória árdua que nem todos têm
Pai: Mais uma vez obrigado, Doutora. Vou levá-los á casa da mãe dela para ela descansar e os avós curtirem o nascimento do neto
Médica: Faça isso sim. Vamos medicá-la agora, darmos um calmante forte para ela dormir, descansar e relaxar. Foi uma emoção muito forte, um período complicado para vocês de muito desgaste físico e emocional. Você também precisa estar bem para cuidar dos dois viu? Não se esqueça (rs)
Pai agradecido: Tudo bem, Doutora. Mais uma vez obrigado.
Médica sorri: Não precisa agradecer. Só fiz o meu trabalho. Vamos voltar aplicar a medicação e depois vocês estão dispensados. Voltem aqui depois de uma semana. Costuma agravar as coisas nesse período
Pai sorrindo: Tudo bem. Qualquer coisa ligamos para o seu consultório, mas espero que não seja necessário
Médica ri: Nem eu

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